O Caminho da Estrela –> O trem passa (e podemos imaginar que vários passaram e muitos continuarão passando, mesmo depois que ela embarcar), enquanto a mulher espera o que a levará ao seu destino. Ao invés de ansiosamente olhar o trem ou angustiar-se por não ser “o seu”, ela, tranquila, lê; ocupa-se com algo de seu interesse, enquanto aguarda.
A linha amarela é um alerta: enquanto o trem não estiver parado, mantenha distância.
O que faz com que ela possa manter-se tranquila parece ser a certeza de duas coisas: 1 – ele virá; 2 – ela chegará aonde quer ir no tempo certo.
Para mim, isso é o mesmo que dizer que ela tem fé. No fundo, fé não é acreditar em algo que outros dizem, especialmente quando eventualmente contraria nossa própria razão. Fé tampouco é aceitar ideias que vem de experiências alheias e nem mesmo apenas ter certeza, mas, antes, sentir profundamente uma certeza particular. Fé, na verdade, é uma conquista pessoal.
Quando acreditamos intensamente em algo, na verdade já estamos vibrando nessa direção, como se algo em nós percebesse ser capaz de projetar, no concreto, essa realidade interna. Esperar tendo essa certeza é ter esperança, como esta carta é conhecida no tarô egípcio.
No entanto, como na imagem, precisamos aprender a compreender o que faz cada momento ou cada evento. O que nos é possível controlar deve ser feito: sair de casa em tempo hábil, vestir-se adequadamente ao clima, levar um livro ou revista para tratar, alimentar ou distrair terapeuticamente a mente, saber com clareza o lugar ao qual queremos ir. Então, temos apenas que esperar que as condições que não podemos controlar sejam convergentes e condizentes com nosso objetivo, trazendo o trem certo ao nosso propósito, o “nosso” trem. Mas, justamente, porque sua vinda não depende unicamente da nossa vontade, temos que compreender que talvez venha cheio demais e isso nos obrigue a esperar por outro, ou pode ser que se atrase um pouco. Portanto, temos que considerar a possibilidade de que, uma vez que aconteça, ainda assim nem sempre será exatamente como imaginamos.
Assim vejo o caminho d’A Lua: a princípio, um tanto assustador, tanto pela presença de plantas estranhas, quanto pela dificuldade de enxergar claramente. Ao mesmo tempo, é inegável seu poder de atração. Podemos ter até mesmo a sensação de que, ao passear por ali, seremos envolvidos e realçados pela magia contida no misterioso.
Este arcano abrange nosso inconsciente que, justamente por ser em geral tão rejeitado, torna-se mais e mais um lugar interno sombrio e atemorizante. Aí residem nossas fantasias, temores antigos, desejos secretos, sonhos esquecidos, anseios negligenciados. Caminhar por aqui demanda alguma coragem, sem dúvida, mas exige, antes, o desejo genuíno de saber quem somos em níveis mais profundos, o desejo do auto conhecimento. No entanto, sendo o limiar entre loucura e lucidez tão tênue, há sempre o risco de nos perdermos no aconchego do imaginário e entendermos a ilusão como garantia de poder.
Aqui encontramos o lírico e o poético que tornam a vida mais bela. Porém, se estivermos despreparados, isso nos parecerá superior à realidade, quando na verdade apenas a complementa e não pode, portanto, a ela sobrepor-se.
Por tudo isso se diz que esta carta fala de romance, aventura, perigos, ciúme ou loucura, poder e desafios. Mas, quando nesse universo adentramos bem centrados, as descobertas que ele nos possibilita enriquecem imensamente nosso caminhar diário.
Adaptado: El Tarot Luminar
By Rosi Guimarães





