Shadowscapes Tarot
Na carta da JUSTIÇA. O herói precisa agora avaliar problemas morais para si mesmo. Necessitará da ajuda dela para pesar e cotejar questões difíceis. Em seguida vem O EREMITA, que carrega uma lanterna. Se o herói já não puder encontrar a iluminação que procura dentro de uma religião estabelecida, esse frade pode ajudá-lo a encontrar uma luz mais individual.
A carta que se segue a O EREMITA é A RODA DA FORTUNA, símbolo de uma força inexorável na vida que parece operar além do nosso controle e com a qual teremos todos de chegar a um acordo. A carta seguinte, chamada A FORÇA, apresenta uma dama domando um leão. Ela ajudará o herói a enfrentar sua natureza animal. É possível que o enfrentamento inicial não seja de todo bem sucedido, pois, na carta seguinte, O ENFORCADO, vemos o moço pendurado de cabeça para baixo por um dos pés. Dá a impressão de não estar ferido, mas, pelo menos de momento, está completamente desamparado, imóvel. Na carta seguinte ele enfrenta A MORTE, figura arquetípica diante de cujo alfanje todos nos vemos desamparados. Mas na carta final da segunda fileira, A TEMPERANÇA, surge uma figura prestimosa. É um anjo ocupado em deitar o líquido de um vaso em outro. Nesse ponto, as energias e esperanças do herói voltam a fluir, numa nova direção. Antigamente, ele estivera empenhado em libertar se da compulsão dos arquétipos na medida em que eles o afetavam pessoalmente no mundo dos seres e eventos humanos, e em estabelecer um status para o ego no mundo externo. Agora ele está pronto para voltar suas energias mais conscientemente na direção do mundo interior. Ao passo que antes buscava o desenvolvimento do ego, sua atenção volta-se agora para um centro psíquico mais amplo, que Jung denominou o Eu.
Se definirmos o ego como o centro da consciência, poderemos definir o Eu como o centro que abrange toda a psique, incluindo tanto o consciente quanto o inconsciente. Este centro transcende o “euzinho” insignificante da percepção do ego. Isso não quer dizer que o ego do herói deixará de existir; quer dizer simplesmente que ele já não o experimentará como a força central que lhe motiva as ações.
Doravante o seu ego pessoal se dedicará, cada vez mais, a prestar serviços além de si mesmo, o herói perceberá que o seu ego é tão só um planetazinho que gira ao redor de um gigantesco sol central – o Eu.
Ao longo de toda a jornada o herói terá tido vislumbres desse tipo de introvisão; mas à proporção que lhe seguirmos os passos através dos arquétipos seguintes, veremos a sua percepção dilatar-se e a sua iluminação aumentar. A carta seguinte é O DIABO. Representa Satanás, a infame estrela caída. Toda a vez que esse sujeito chega inesperadamente ao nosso jardim, traz consigo, quer queira quer não, um lampejo de luz, como veremos quando o estudarmos mais tarde. As quatro cartas seguintes, chamadas A TORRE, A ESTRELA, A LUA e O SOL, retratam várias fases de iluminação em ordem ascendente. A carta que se segue as quatro denomina-se O JULGAMENTO. Aqui um anjo com uma trombeta irrompe na percepção do herói num glorioso esplendor de luz para despertar os mortos adormecidos. Na terra, embaixo, um moço levanta-se do túmulo enquanto duas figuras mais velhas se vêem por perto em atitudes de prece e de assombro diante do milagroso renascimento.
Com a carta final da série do Taro chamada O MUNDO, o Eu, agora plenamente compreendido, é representado como um gracioso bailarino. Aqui todas as forças antagônicas com que o herói vem lutando unem-se num mundo. Nesta última figura do Taro, o bom-senso e o despropósito, a ciência e a magia, o pai e a mãe, o espírito e a carne, todos fluem juntos numa dança harmoniosa de puro ser.
Inspirado em Jung e o Tarô – Sallie Nichols
By Rosi Guimarães